27/06/2011

Mulheres na Física

Na última Escola Jorge André Swieca de Partículas e Campos o Comitê Organizador abriu espaço para a iniciativa de uma visitante estrangeira e incluiu uma sessão “Women in Physics” no evento. Aberta a homens e mulheres, a sessão contou com uma exposição da visitante, experiente docente de Princeton, seguida de colocação dos presentes.

Além do conteúdo em si que foi discutido, esse tipo de abertura é essencial para que possamos trazer à comunidade todos os talentos em Física disponíveis no país. É fato que há uma minoria de mulheres em Física, comparado ao número de homens. Por exemplo, nesta Escola havia cerca de 12% de mulheres – um índice que estimo ser mais ou menos mesmo nos últimos 20 anos em que tenho acompanhado os eventos da SBF.

A fala da professora de Princeton incluiu duas questões que ela tem pesquisado nos últimos anos:
1) Quantas mulheres obtêm o doutorado em Física? e
2) Quantas das doutoras em Física efetivamente permanecem pesquisando na área? São questões motivadoras que podem servir de ponto de partida para reflexões.

Sei que há esse tipo de preocupação na comunidade brasileira mas não localizei ainda um movimento organizado no sentido de, por exemplo, fomentar a participação feminina nos cursos de graduação ou discutir as necessidades especiais das pesquisdoras diante da maternidade. Talvez a ideia de uma seção “Mulheres na Física” em todos os eventos da SBF seja uma possibilidade nesse sentido. Deixo aqui como minha sugestão.

Parabéns ao Comitê da Escola de Partículas e Campos pela oportunidade dada à reflexão sobre o tema.

Nadja S. Magalhães
Física da Universidade Federal de São Paulo

A Escola de Verão Jorge André Swieca de Partículas e Campos é um evento tradicional no calendário da Física no Brasil e acontece a cada dois anos. É direcionado aos estudantes de pós-graduação, pós-doutores e jovens doutores da área da física de altas energia, teoria de campos, cosmologia. A primeira semana da Escola é dedicada a cursos introdutórios que preparam os alunos para os cursos mais avançados oferecidos na segunda semana.

Meninas, vamos estudar Física. Acessei o Google Imagens para ilustrar esse post com o verbete mulheres na Física e só apareceu fotos de mulheres fazendo exercício físico...

26/06/2011

Engenharia Física


Ao longo desses anos, venho assistindo a alunos que se apaixonam pela Física. Alguns chegam a dizer que vão se tornar professores da matéria; outros, ainda que muito interessados, pensam em carreiras afins, talvez por entenderem a “dureza” do Magistério.

Há poucos dias, presenciei uma transformação no mínimo interessante: um aluno do 2º ano do Ensino Médio do Liceu, Gabriel, havia me mandado um email dizendo de sua vontade em cursar a licenciatura em Física. Para quem não sabe, esse é o caminho para se tornar professor. Ele dizia: Professor, sinceramente, não me importo de ter que trabalhar nem que sejam nos 3 turnos pra ganhar um salário mínimo que for, mas eu quero fazer Física pelo prazer, pela diversão, quero fazer como um hobbie, e a vida é isso, não adianta fazer Medicina só pra ganhar dinheiro, eu tenho que fazer o que eu gosto, o que eu me identifico, e sinceramente, Física, eu não sei cara, é difícil explicar, mas sou simplesmente apaixonado por física, eu me apaixonei perdidamente...

Dias depois, Gabriel me aparece dizendo que já sabe o que vai fazer: Engenharia Física. Trouxe-me um resumo sobre a carreira tirado de um site sobre profissões.

Mesmo que ele se torne um engenheiro Físico, é bem possível que acabe numa sala de aula, pois professores já nascem com esse destino. De qualquer forma, a Engenharia Física é uma ótima opção para quem aprendeu a gostar de Física mas não quer enfrentar o grande desafio de ser professor.

O curso de Engenharia Física já existe, com esse nome, há algumas décadas em muitas das mais renomadas universidades dos países do hemisfério norte, como Cornell, Berkeley, Stanford, Moscou e Grenoble. Na América Latina, entretanto, este curso ainda não está disponível. Assim, estamos propondo criar um cursopioneiro no âmbito continental que, sem dúvidas, trará enormes benefícios para o nosso Departamento de Física e para a própria UFSCar. Mas, sem lugar a dúvidas, o beneficiário final será o próprio Brasil, pois estaremos formando engenheiros altamente capacitados e atualizados, que serão capazes de enfrentar o enorme desafio científico e tecnológico que, com toda certeza, nos depara o novo milênio.

04/06/2011

A Escolha de Livros Didáticos

Quando você recebe seu livro didático na escola pública, não imagina quanta coisa rolou até ali.
Uma equipe de autoridades naquele assunto recebeu dezenas de títulos e os avaliou durante quase um ano. Depois houve um trabalho de divulgação por parte da editora, envolvendo dezenas de profissionais de diversas áreas. Aí o livro chega na escola. É hora de fazer a escolha. Entra em cena a coordenação pedagógica que marca e conduz uma reunião com os professores daquela disciplina. Os professores, bem antes da reunião, devem avaliar os livros escolhidos pelo MEC e, então, decidirem em conjunto qual devem adotar.
O que os professores devem levar em consideração nessa avaliação? Por que esse livro e não outro?
Eu vou lhes dizer, caros alunos, o que tem se passado por aí:
Infelizmente a maioria dos professores nem pensa em vocês; naquilo que lhes garantiria uma melhor e mais atualizada aprendizagem. O que eles levam em conta é a facilidade do trabalho, o quão cômodo será para eles usar um livro que traga exatamente aquilo que eles estão acostumados a dizer e a fazer, ano após ano, décadas a fio.
Esse ano apareceu um livro de Física altamente revolucionário, relegando a um segundo plano a Física Matemática e enfatizando a Física conceitual e contextualizada. Sabe o que aconteceu? A maioria de nossos "brilhantes" professores nem pegaram nele para avaliar. Acharam muito difícil ter que discutir Física Moderna e Cosmologia... E o pior é que colocaram a culpa em vocês, dizendo que "os alunos não têm capacidade para entender isso". Mas a verdade é que o tal livro (coleção Quanta Física) exigiria de todos nós uma reestruturação quase que completa de nossas aulas.
Da minha parte, achei que seria uma ótima oportunidade para mudar esse currículo caduco, velho, sem sentido que temos praticado a tanto tempo.
Queria saber mais desse livro. Mandei um e-mail para o autor e ele, dois dias depois, me respondeu. O resultado dessa conversa foi tê-lo aqui em Petrópolis ( o caro é um dos criadores do ENEM e membro da equipe que seleciona os livros de Ciências para todo o Brasil. Mesmo assim os professores de Petrópolis não deram a mínima à presença dele em nossa cidade). Vieram vários professores do Rio, Friburgo, Teresópolis e Juiz de Fora.
Sabem o que vai acontecer? Vocês terão um livro com o mesmo conteúdo que tinham há 20 anos, com umas figurinhas diferentes e uma capa bonita o suficiente para impressionar os professores que só querem "sombra e água fresca".