01/05/2012

Alunos saem do fundamental sem saber o básico


Levantamento da Unesco baseado na Prova Brasil mostra que cerca de 30% dos estudantes vão para o ensino médio com pouca noção de Português e Matemática.
Praticamente uma em cada cinco crianças terminou o ensino fundamental em 2009 sem ter alcançado condições básicas de compreensão de texto. Quando a disciplina muda para matemática, o dado é mais assustador. Aproximadamente 39% dos estudantes que concluíram os primeiros nove anos do ciclo educacional, entre 2005 e 2009, não tem o nível básico de competência para resolver problemas, como se espera de um aluno nessa etapa do ensino. Os índices da Prova Brasil de 2005, 2007 e 2009 mostram, segundo análise da Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco), que, em algum momento, o sistema educacional brasileiro falhou.
Para o coordenador de educação da Unesco, Paolo Fontani, os números mostram que o processo de aprendizado, para esses alunos, foi interrompido. "Esse tipo de atraso tem um impacto muito forte na capacidade de continuar a aprender por toda a vida", alerta. Segundo ele, esses dados apontam que o aprendizado envolve três pilares com elementos de justiça social, equidade e inclusão. "Não podemos considerar que a responsabilidade dessa falha é da criança. Não é ela que tem que se adaptar. O sistema tem que ser capaz de ser inclusivo para fazer com que cada um tenha oportunidade de aprendizado."
O especialista em ensino com ênfase em matemática da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Cleyton Hércules Gontijo destaca que, além do suporte familiar, um plano de ensino poderia ajudar a mudar esse cenário. "As diretrizes curriculares poderiam ser melhores. Os professores deveriam saber exatamente o que os estudantes devem aprender em cada etapa escolar e esse documento deveria ser o mesmo para todo País." Programas com foco no currículo nacional, jornada de tempo ampliada, melhoria nas instalações físicas das escolas e qualificação dos docentes completam a lista de sugestões do especialista.
Para o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, falta uma "política de financiamento mais robusta" para garantir a implementação efetiva da educação em tempo integral nas escolas públicas brasileiras. "Na verdade, o problema é ainda mais sério. Em média, o aluno brasileiro estuda 3,7 horas por dia, sendo que a jornada parcial imposta pelo Conselho Nacional de Educação é de 5 horas. Então, antes de pensarmos em educação integral, é preciso garantir carga horária de cinco horas para todo País", critica.
(Correio Braziliense)

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