Professora da UFMG lança livro que pinça a física do dia a dia. Dia a dia mesmo! De letras de música a atividades na cozinha – tudo vira motivo para
se ensinar a matéria.
Por:
Thiago Camelo
Publicado em 22/12/2011 | Atualizado em 22/12/2011
Quando Roberto
Carlos canta "fui abrindo a porta
devagar, mas deixei a luz entrar primeiro"
(em O portão), é possível que o Rei pensasse em tudo, menos
em física. Porém, é exatamente ela que
salta à frente de Regina Pinto de
Carvalho; e não é apenas quando ouve
canções. A física aparece em todo lugar para
o qual a professora
aposentada pela Universidade Federal
de Minas Gerais olha.
Não à toa, o
livro da cientista chama-se Física do dia a dia.
Na canção de Roberto
Carlos, ela explica:
Segundo a teoria
da relatividade restrita, proposta por
Einstein em 1905, quanto maior a velocidade
de um objeto, mais difícil se torna aumentar essa velocidade. A velocidade da luz no vácuo
(que tem valor muito próximo
à velocidade da luz no ar) seria o limite além do qual não
se pode aumentar a velocidade do
objeto. [...] Nesse caso, quando
a porta fosse aberta, a luz entraria primeiro, quer nosso Rei quisesse ou não
deixá-la passar à sua frente.
O livro é o
segundo volume de um projeto
bem-sucedido de quase dez anos. O
primeiro vendeu 6 mil cópias e foi reeditado recentemente.
“A
cozinha é o melhor
laboratório para
se entender a ciência”
O sucesso impulsionou a física mineira à nova empreitada. Com 104
perguntas ventiladas por ela própria e
por leitores curiosos, o
segundo volume aborda
questões do cotidiano
que vão para além da música. Um capítulo, por
exemplo, é dedicado à cozinha:
“o melhor laboratório para
se entender todo o
tipo de ciência”, diz Carvalho, em conversa
por telefone com
a CH On-line.
“Mas a
verdade é que caminho na rua e vejo física em tudo, tenho
até dificuldade em escolher sobre o
que vou falar. Tenho questões demais”.
“Por exemplo”,
continua a professora,
retornando ao
laboratório-cozinha:
“É melhor descongelar um alimento colocando-o num recipiente de metal ou de vidro?”
“Não sei”, responde o
repórter.
“No de metal, pois é um bom
condutor de calor”,
ensina a física. “São questões com que nos
deparamos todos os
dias, a física está nas pequenas ações.”
De fato, a ‘pegadinha’ do compartimento de metal está no livro,
assim como perguntas das mais insuspeitas:
"Por que bailarinos e patinadores executam piruetas com os
braços fechados?"
"Como
é produzido o
barulho do giz no
quadro-negro?"
“No primeiro
livro, contei bastante com a ajuda dos meus alunos de licenciatura, então nem me considero autora
de fato dessa obra; neste segundo, compilei
e respondi todas as perguntas”, conta Carvalho.
Apesar de achar que o livro
“contempla perguntas que criança faz e
avô gosta de responder” – ou
seja, é voltado para
um público-alvo variado
–, a carreira de Carvalho é bastante
direcionada à formação
de novos educadores.
E o livro não
foge desse viés: ela cita casos de professores que aplicam questões em prova cuja pergunta (e resposta) foi
tirada claramente de seu livro, embora não
tenha ganhado o crédito.
Além de
fazer livros com verve educacional, a física roda o
país mostrando como é simples fazer experimentos em sala de aula. Às vezes, usa brinquedos criados
pelos próprios alunos,
como
os aviões de papel.
“Esse tipo de atividade mostra a utilidade da matéria e tem a ver com o
livro, com a física no dia a dia”, aponta a professora, que ama música e escolhe canções das mais variadas para ilustrar seus exemplos. Pode
ser CPM22, Nelson Cavaquinho ou
Tom Jobim.
Este último, aliás, passou na prova
quando cantou, no
Samba do avião,
que a pista estava “chegando e vamos nós aterrar”. Afinal, para quem está dentro do
avião, diz a matéria, quem se mexe é a
pista. Nota 10 para
o Tom,
que sabia muito, até a física do dia a dia.
Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line
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