A inteligência artificial e a automação crescente vão
dizimar os empregos da classe média, agravando a desigualdade e arriscando uma
reviravolta política significativa. Este não é o roteiro de um filme futurista,
mas uma previsão de uma das pessoas mais inteligentes do planeta, o físico
Stephen Hawking.
Em uma coluna no jornal The Guardian, o físico mundialmente
famoso escreveu que “a automação das fábricas já dizimou empregos na manufatura
tradicional, e a ascensão da inteligência artificial provavelmente estenderá
esta destruição do trabalho profundamente nas classes médias, com somente os
cargos de mais cuidado, criatividade ou de supervisão permanecendo”.
Ele acrescenta sua voz a um crescente coro de especialistas
preocupados com os efeitos que a tecnologia terá sobre a força de trabalho nos
próximos anos e décadas. O medo é que, enquanto a inteligência artificial vai
trazer aumentos radicais na eficiência na indústria, para as pessoas comuns
isso se traduzirá em desemprego e incerteza, conforme seus empregos humanos
sejam substituídos por máquinas.
A tecnologia já destruiu muitos empregos tradicionais de
fabricação e da classe trabalhadora – mas agora pode estar pronta para causar
estragos semelhantes às classes médias.
Rápida
substituição
Um relatório publicado em fevereiro de 2016 pelo Citibank em
parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, previu que 47% dos
empregos nos EUA estão correndo risco de automação. No Reino Unido, 35%. Na
China, incríveis 77%. Três das dez maiores empresas ou órgãos públicos
empregadores do mundo já estão substituindo seus trabalhadores por robôs – a
Foxconn, que faz a manufatura de produtos da Apple, do Google e da Amazon, a rede
de supermercados Wallmart e o Departamento de Defesa do EUA – órgão com o maior
número de empregos do mundo, já anunciaram avanços nesta área.
A automação “por sua vez irá acelerar a já crescente
desigualdade econômica em todo o mundo”, escreveu Hawking. “A Internet e as
plataformas que possibilitam que pequenos grupos de indivíduos tenham enormes
lucros ao empregar pouquíssimas pessoas, isso é inevitável, é um progresso, mas
também é socialmente destrutivo”.
Ele enquadra esta ansiedade econômica como uma razão para o
aumento da política populista e de direita no Ocidente: “Estamos vivendo em um
mundo de ampliação, e não de diminuição, da desigualdade financeira, no qual muitas
pessoas podem ver não apenas seu padrão de vida, mas a sua capacidade de ganhar
a vida, desaparecendo.
Combinado com outras questões – sobrepopulação, mudança
climática, doenças – estamos, Hawking adverte ameaçadoramente, no “momento mais
perigoso no desenvolvimento da humanidade”. A humanidade deve se unir para
superar esses desafios, diz ele.
Stephen Hawking já expressou preocupações sobre a
inteligência artificial por uma razão diferente – ela poderia ultrapassar e
substituir os seres humanos. “O desenvolvimento da inteligência artificial
poderia significar o fim da raça humana”, disse ele no final de 2014. “Os seres
humanos, que são limitados pela lenta evolução biológica, não poderiam
competir, e seriam substituídos”. Será?
[Business Insider]