Em seu último relatório, no fim do ano passado, eles já
sugeriam ter encontrado algo, mas não descartavam um alarme falso.
Agora, eles já cravam categoricamente a existência da nova
partícula. Só não admitem com todas as letras que se trata da almejada
"partícula de Deus".
"Apesar de os eventos [de colisões de partículas no
acelerador] sugerirem que estejamos diante do bóson de Higgs, a confirmação de
que se trata realmente da partícula predita requer mais medidas
comparativas", afirma Sérgio Novaes, físico da Unesp (Universidade
Estadual Paulista) e membro da Colaboração CMS, um dos dois experimentos do LHC
que servem de base para o anúncio.
Ossos do ofício, num esforço que envolve análise de dados de
milhões de colisões de partículas para que, estatisticamente, seja possível
chegar a alguma conclusão definitiva.
De toda forma, o novo achado dá toda pinta de que se trata
mesmo do almejado bóson.
SEM ERRO
Os cientistas descartam a essa altura que alguma flutuação
estatística seja responsável pelo achado.
A probabilidade de não ser uma nova partícula, e sim algum
engano, é de menos de 1 em 1,7 milhão. Cometer um erro desses é tão improvável
quanto ganhar na loteria.
Ainda mais porque o resultado é confirmado pela combinação
de dois experimentos do LHC Atlas e CMS e está alinhado com os dados obtidos
pelo Fermilab, nos Estados Unidos, com seu antigo acelerador Tevatron, hoje
desativado.
CONCORRÊNCIA
Na segunda-feira, os americanos chegaram a divulgar suas
últimas análises dos velhos dados, que mostravam a indicação de uma partícula
com as características do bóson de Higgs e uma energia entre 115 e 135
giga-elétronvolts (GeV), com 90% de confiança.
Entretanto, ainda estava longe do grau de exigência da
comunidade para tratar o resultado como uma descoberta.
Somente agora, com os resultados do LHC é possível cravar a
existência da nova partícula, com energia de 125 GeV.
FIM OU RECOMEÇO?
"Em primeiro lugar, há um equívoco em associar o LHC só
ao bóson de Higgs", afirma Ronald Shellard, físico de partículas do CBPF
(Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e vice-presidente da SBF (Sociedade
Brasileira de Física).
"Todos concordamos que o bóson de Higgs não vale US$ 10
bilhões. Essa máquina, o LHC, foi concebida para explorar o Universo além do
Modelo Padrão. A descoberta do Higgs coroa o maior feito intelectual da
história da humanidade até agora, uma teoria que explica uma infinidade de
fenômenos naturais", disse. "Mas, para o LHC, ela é apenas o
começo."
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